Gatos: Um relato na história?

Figura 1: Exemplar de gato. Fonte: Gatomania.
O gato doméstico esta entre os animais mais populares nas residências. Em geral, não possui o mesmo fascínio que os cachorros, visto que em muitos aspectos apresentam um comportamento destoante e são vistos como mais independentes. Isso é uma verdade, porque mesmo o gato presente em nossas casas, ainda é selvagem. Este fascínio ou mesmo descaso - até aversão -  datam de muitos anos. 

Figura 2: Estátua de Bastet depositada no
Museu do Louvre em Paris. Fonte: Egitoantigo.org
Durante o período de 1785 e 1557 a.C., os egípcios veneravam a deusa símbolo do amor e da procriação com corpo de mulher e cabeça de gato; chamada de Bastet. Os gatos eram comparados à deusa pelos egípcios que acreditavam que foi graças à sua atividade como caçador de serpentes que o gato permitiu que o astro solar iluminasse o Universo. Quando a deusa-gato enfrentou Apopis, o dragão serpente, o Sol conseguiu sair da sua escura sepultura. Eles criavam gatos como objetos de culto durante as festividades anuais. Quando morriam, eram cobertos por um lençol e seu corpo tratado com óleo de cedro. A veneração dos gatos pelos egípcios, foi relatada pelo historiador Políbio no século VI a.C. Durante o cerco de Peluse por Cambises II, Rei da Pérsia, o inimigo apoderou-se dos gatos e os colocou na linha de frente da batalha. A rendição foi imediata por parte dos egípcios, pois se recusaram a ter seus animais sagrados como alvos da batalha. 

Já os gregos acreditavam que os gatos tinham relação com as fases da Lua. Eles não sabiam explicar a dilatação e contração das pupilas dos gatos em função da intensidade da luz e supunham que a pupila crescia e diminuía em função das diferentes fases da Lua. 

Na Idade Média, o gato foi visto como cumplice do Diabo. A origem da aversão ao gato preto data 594- 588 a.C. A bula de Gregório IX, Papa entre 1227 e 1241 evoca o demônio com feições de um gato preto. Os médicos da época alertavam aos pacientes que o gato preto era a causa da melancolia do homem. Isso foi um dos motivos que levou um enorme massacre de gatos, juntamente a associação dos gatos com a peste negra. Diziam que o demônio estaria encarnado nos gatos e estes seriam os responsáveis pela moléstia. Nesta época, os gatos eram torturados e queimados em muitas festividades, sem mencionar a sua relação com as práticas de bruxaria. Acreditavam que tinham pacto com as bruxas e que os mesmos eram ingredientes de receitas e poções.

Mas nem tudo é tristeza. Apesar de ser odiado e amaldiçoado, o gato era visto por muitos com bons olhos. Para alguns, era considerado amuleto do amor. No folclore germânico, uma jovem que fosse seguida por um gato até à porta da igreja seria feliz no amor. Outra diz que uma virgem regressando de um baile encontraria o homem da sua vida se cruzasse com um gato mosqueado no caminho. Charles Perrnaut (1628-1703) escritor e poeta francês retrata em um dos seus famosos contos – “O gato de Botas”, o poder que o animal tinha de enriquecer seu dono.

Figura 3: Ilustração de Gustave Boré para o gato de botas. Fonte: Wikimedia.
 
O homem passou a apreciar os gatos como animal doméstico quando os mesmos começaram a eliminar a população de roedores que prejudicavam as colheitas. Eles substituíram as civetas (mamífero carnívoro) e as doninhas por gatos para acabar com as pragas que assolavam os celeiros e plantações de grãos. Os gatos eram comercializados e até valores eram fixados em função de sua idade e da sua qualidade como caçador. Não se sabe ao certo o local e a data onde o gato foi primeiramente domesticado. O que se sabe é que pouco a pouco, o gato começou a tolerar as outras espécies, aproximou-se do homem, gradualmente foi dominando seu medo, instalando-se nas casas para eliminar os ratos e cobras e assim entrou na era da domesticação. 

Este é apenas alguns dos muitos relatos na história do envolvimento do homem com os gatos. Ainda hoje o gato esta rodeado de misticismos e crenças, faz parte de rituais de diversas modalidades, é fonte de dúvidas e incertezas, temidos e/ou adorados. O que se sabe é que quanto mais pesquisamos e conhecemos sobre os gatos mais fascinantes eles se tornam. 

Por Tamara Francislaine Santana


REFERÊNCIAS

Paragon, Bernard-Marie; Vaissaire, Jean- Peirre; Gallitelli, B.; Cortes, P. Enciclopédia do gato. Paris Aniwa publishing, 2003.

http://antigoegito.org/deusabastet/. Acessado dia 11/04/2016 às 9:25.

http://www.zahar.com.br/autor/charles-perrault. Acessado dia 11/02/2016 às 10:17.

http://www.gatosmania.com/historia/gatos-pretos. Acessado dia 11/04/2016 às 10:43.

https://tarjapretarte.wordpress.com/2011/09/01/ilustracoes-do-original-de-gustave-dore-para-os-contos-de-perrault/. Acessado dia 11/04/2016 às 11:17.

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