NAVEGANTES EUROPEUS NO ESTREITO DE MAGALHÃES

Por: Luiza Canales Becerra

Nau Victoria, única embarcação da armada de Fernão
 de Magalhães a dar a volta ao mundo.  Gravura de 1603.
Fonte: www.memoriachilena.cl
Após o descobrimento do novo mundo, no início do século XVI, uma das principais preocupações do Governo espanhol foi a busca por uma passagem para as Ilhas Molucas, através do continente americano. Foi neste momento que se apresentou frente ao monarca Carlos V, o navegante português Fernão de Magalhães. Assinadas as capitulações de 1518, a expedição zarpou em setembro do ano seguinte, partindo da Península Ibérica, com o objetivo de encontrar a passagem que unia os dois oceanos.

Em 21 de outubro, as embarcações chegaram à parte oriental do Estreito. Depois de realizar o reconhecimento da área, a esquadra iniciou a navegação através do Estreito, batizando-o como Todos os Santos. Poucos dias depois, Fernão de Magalhães tomou posse do território em nome do rei Carlos V da Espanha. Era a primeira vez que o ocidente visitava estas latitudes, descobrindo o território mais austral do Chile, a Patagônia.

A partir de então, muitos navegantes europeus incursionaram nas águas do Estreito de Magalhães, com o propósito de alcançar uma terra lendária. Destacaram-se as expedições de García Jofré de Loaiza, a segunda a navegar o Estreito e a primeira a descobrir que a Terra do Fogo era uma ilha. Posteriormente, a pedido do governador Pedro de Valdivia, realizou-se a expedição de Francisco de Ulloa, cujo objetivo era o reconhecimento da costa chilena até o Estreito de Magalhães, com a finalidade de facilitar a navegação da Espanha para o Chile. Zarpou da cidade de Valdivia no final de outubro de 1553, sendo a primeira expedição a entrar no Estreito de Magalhães pelo ocidente. Reconheceram a escarpa litorânea e chegaram até a atual Bahía Wood. A falta de provisões e o medo de ficarem presos no estreito durante o inverno, levaram Ulloa a dar a volta, chegando aos portos do Chile em fevereiro de 1554.
Em outubro de 1557, o governador do Chile, García Hurtado de Mendoza ordenou a partida de uma esquadra exploradora de setenta homens sob o comando de Juan Ladrillero. Tinha como missão desenhar um mapa das costas e iniciar o estudo da flora, fauna e realizar observações etnográficas na região. Em 16 de agosto de 1558, Ladrillero chegou ao Oceano Atlântico, transformando-se no primeiro navegante a cruzar o Estreito de Magalhães em ambos os sentidos.
Primeiro mapa do Estreito de Magalhães  
1520 - Fonte: www.memoriachilena.cl
Vinte anos depois da expedição de Ladrillero, cruzou o Estreito o navegante inglês Francis Drake, provocando grande inquietude entre os habitantes da costa do Pacífico, que temiam seus inesperados ataques. Com o fim de vetar a passagem dos inimigos da Espanha, o vicerrei do Peru, Francisco de Toledo, adotou medidas imediatas e enviou para o Estreito de Magalhães uma esquadrilha com dois navios, sob o comando de Pedro de Sarmiento de Gamboa. Deveriam explorar detidamente o Estreito, averiguar se haviam ingleses estabelecidos em suas costas e estudar formas de levantar fortificações e planos geográficos na região.

Apesar de a Espanha ter ocultado os resultados destas duas últimas expedições, continuaram a ser realizadas expedições até essas terras.
Durante o século XVII, destacaram-se os viajantes holandeses, principalmente Willem Schouten e Jacob Le Maire, que descobriram, em 1616, o Cabo de Hornos e reconheceram a região da Terra do Fogo. Anos mais tarde, a Espanha enviou uma expedição, sob o comando dos irmãos Bartolomé e Gonzalo Nodal, para verificar o novo descobrimento.
A partir de então, o objetivo das explorações passou a ser o reconhecimento rigoroso do litoral do território magalhânico, em que se destacaram alguns viajantes ingleses, como John Byron e James Cook, e franceses, como Bougainville e J.S.C Dumont D’Urville.
Entretanto, somente dois séculos mais tarde, com as expedições britânicas de Philip Parker King (1826-1830) e Robert Fitz Roy (1834-1836), comandando as embarcações Adventure e Beagle, seriam superados os conhecimentos geográficos da região, aportados por Juan Ladrillero e Pedro Sarmiento de Gamboa.


REFERÊNCIA


BONARIC-DORIC, Lucas. Resumen histórico del Estrecho y lacolonia de Magallanes. Punta Arenas :Impr. La Nacional,1939

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