A Voyager e as fronteiras da humanidade!

Por Anisio Lasievicz

Figura 1.
O término da II Guerra Mundial em 1945 marcou a polarização do planeta, tendo como protagonistas a ex-União Soviética e os Estados Unidos, cada um na tentativa de propagar seus ideiais (comunistas e capitalistas, respectivamente) para o mundo e mostrar a superioridade de um em relação ao outro.  Essa disputa deu-se em campos políticos, econômicos, culturais e, especialmente, militares, científicos e tecnológicos, sendo conhecida historicamente como Guerra Fria.

No que se refere à Ciência e Tecnologia, sobressai-se a chamada corrida espacial, onde as duas potências competiam pelo pioneirismo na expansão das fronteiras do domínio humano. A Terra já não era mais suficiente diante de todo um universo a ser explorado. 

Nessa contenda, as primeiras batalhas foram vencidas pelas União Soviética (atual Rússia): foi a primeira a lançar um objeto ao espaço - o satélite Sputnik, a pôr em órbita um ser vivo (a cadela Laika) e a colocar um ser humano em órbita e trazê-lo em segurança (Yuri Gagarin). Entretanto, alguns anos mais tarde, os Estados Unidos conduzem os primeiros homens à Lua, nossa vizinha mais próxima do Sistema Solar, numa façanha acompanhada por mais de 1 bilhão de pessoas ao redor do mundo. Novamente, os limites da presença humana foram expandidos.

Neste cenário os investimentos crescem e, com eles, a ambição de ir mais longe. Diversas sondas são enviadas à Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno, cometas e asteróides, atuando na coleta de dados e como batedores e emissários da raça humana.

Um dos exemplos mais icônicos da exploração espacial são as sondas I e II que integram o Programa Voyager (figura 2) lançadas em 1977, visando aproveitar um alinhamento favorável do Sistema Solar para a obtenção de dados sobre os gigantes gasosos (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno) e, posteriormente, sobre os limites de nosso sistema. 

Figura 2. Design da Sonda Voyager. Fonte: NASA.
Após uma viagem de quase dois anos, a sonda Voyager I encontra-se com Júpiter em 5 de março de 1979, seguido do encontro com Saturno em 12 de novembro de 1980. Já a Voyager II tem sua aproximação máxima com Júpiter em 09 de julho de 1979, com Saturno em 25 de agosto de 1981, com Urano em 24 de janeiro de 1986 e com Netuno em 25 de agosto de 1989 (figura 3).

Figura 3. Trajetória do Programa Voyager.

Voltemos à imagem de destaque desse post (figura 1). Ela representa algo muito importante. Mas é um ponto borrado em meio a uma faixa clara! O que ele teria de importante você diria...

Ele é o único que conhecemos a abrigar vida. Você, eu, seus pais, familiares, amigos, inimigos, seus ídolos, as coisas que você gosta e que não gosta, enfim, toda a história da raça humana e da vida como conhecemos está nesse ponto, apelidado de pálido ponto azul pelo Astrônomo Carl Sagan (1934 - 1996) - um dos incentivadores do programa. Esta imagem foi tirada pela sonda Voyager I em 1990 a cerca de 6,4 bilhões de quilômetros de distância de nós e revela que, por mais expandamos nossas fronteiras, nossa origem está vinculada ao pequeno diante do universo.

As Voyager guardam mais uma surpresa. Cada uma carrega um disco de ouro (figura 4), contendo informações (fotos, sons, etc.) sobre os construtores daquele objeto, com o intuito de, caso elas encontrem (ou sejam encontradas por) civilizações inteligentes, estas saberão que, naquele ponto da imagem acima, de alguma forma, a vida também prosperou. 


Figura 4. Disco de Ouro das Voyager. Fonte: NASA.

Recentemente, a Voyager I expandiu ainda mais nossa fronteira. Em 13 de setembro de 2013 a NASA anunciou que a sonda cruzou os limites da Heliosfera e, desta forma, sofre mais influência de outras estrelas da Via-Láctea do que do Sol. Tal fato ocorreu, na verdade, em 25 de agosto de 2012 mas, diante do tempo de análise dos dados, os resultados foram publicados apenas agora e a tornam o objeto mais distante feito pelo homem (mais de 18 bilhões de quilômetros) e o primeiro a deixar o Sistema Solar.

Estima-se que a vida útil da Voyager I estenda-se até 2025, quando seus geradores termonucleares deixarão de prover energia suficiente para o funcionamento de seus sistemas.

No site "Where are the Voyagers" você pode conferir em tempo real a posição das duas sondas!


Para saber mais sobre exploração espacial:





REFERÊNCIAS:

Site do programa Voyager. Acessado em 19/09/2013. http://voyager.jpl.nasa.gov/

MOURÃO, Ronaldo R. de F. O Livro de Ouro do Universo. Editora: Ediouro. São Paulo: 2012.

Postar um comentário

0 Comentários