A TEORIA DE JOGOS: o eu e o nós, o Big Brother e a campanha eleitoral!

Por Ednilson Rotini


Este texto é sobre uma importante e curiosa ferramenta de aplicação da Matemática denominada Teoria de Jogos, muito utilizada, por exemplo, na tomada de decisões na economia, na política e até mesmo na guerra.
Para facilitar a compreensão sobre esse tema, considere as duas situações a seguir:


1) Você está estacionando seu carro quando, sem querer, esbarra e amassa o pára-choque de um lindo automóvel importado que está ao lado. Ninguém viu mas, sendo você uma pessoa honesta, pensa em deixar um bilhete se identificando e assumindo a responsabilidade. Mas, o seguinte pensamento vem a sua cabeça: “É um carro importado. O dono certamente tem dinheiro e não estaria dirigindo um carro como esse se não tivesse seguro. Esse pequeno amassado para ele não será nada...”


2) Já são altas horas da noite, você está na estação do metrô e não há ninguém por perto. Você pensa: “Por que não saltar a catraca e ir sem pagar? A companhia do metrô não vai falir se eu fizer isso. Os trens circulam com ou sem passageiros mesmo...”

Pois é. Em um grande número de situações em nosso cotidiano o interesse individual se coloca frente à frente com o interesse coletivo. Assim, no caso do carro em que você bateu, o seguro paga e repassa o custo para os prêmios que cobra. Não assumindo o prejuízo, você acaba penalizando outras pessoas que não tem nada a ver com isso. Algo semelhante ocorre na situação do metrô, em que aumentando as estatísticas daqueles que não pagam a passagem, você contribui para o aumento do custo do sistema e afeta os que pagam.  

Esse tipo de dilema acontece frenquentemente nas organizações sociais como na família, nas empresas e, até mesmo, entre as nações. E é nesse tipo de situação que a Teoria de Jogos apresenta-se como uma ferramenta que procura modelar os fenômenos que podem ser observados quando dois ou mais indivíduos que tem o poder de decisão interagem entre si.

O objetivo da Teoria de Jogos é lançar luz sobre conflitos de interesse e procurar fornecer subsídios para responder a seguinte questão: o que é preciso para haver colaboração? Em quais circunstâncias o mais racional é colaborar? Que políticas devem ser adotadas para garantir a colaboração? 

Assim, a Teoria de Jogos busca entender a lógica na hora da decisão e, por meio da matemática, equaciona os conflitos onde o foco são as estratégias utilizadas pelos jogadores. Num mundo cada vez mais conectado - onde as situações em que conflitos devem ser equacionados - essa teoria mostra-se eficiente. Por exemplo, os insights que se obtêm a partir da Teoria de Jogos auxiliam a entender alguns casos brasileiros mais recentes, como os apagões da rede elétrica em algumas regiões, as disputas durante as campanhas eleitorais e as estratégias dos participantes dos programas de reality show como o Big Brother e A Fazenda. 

Além dessas, outras aplicações da Teoria de Jogos aparecem no comportamento das ações em bolsas de valores, nos lances em leilões, nos estudos de comportamento animal de acordo com a seleção das espécies e, também, no desenvolvimento de pesquisas em inteligência artificial.

No próximo texto, farei um breve histórico dessa importante ferramenta matemática e darei alguns exemplos. Então, continue acompanhando as novidades do blog Ciência e Diversão.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Alecsandra Neri de. Teoria dos Jogos: As origens e os fundamentos da Teoria dos Jogos. Disponível em:
<http://www.slinestorsantos.seed.pr.gov.br/redeescola/escolas/11/2590/17/arquivos/File/as_origens_e_os_fundamentos_da_teoria_dos_jogos.pdf>. Acesso em out. 2013

NOBREGA, Clemente e KALKO, Alessandra. Tudo está em jogo: A fascinante Teoria dos Jogos usa a solidez da matemática para compreender e antecipar o insólito e imprevisível comportamento humano. Disponível em: <http://super.abril.com.br/ciencia/tudo-esta-jogo-442854.shtml>. Acesso em out. 2013. 

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