A Arte de Aprender Brincando.

Por Elaine Barbosa

Nós seres humanos desde os primeiros meses de vida, tentamos nos comunicar com os seres que estão mais próximos de nós, este modo de comunicação inicial é através de gestos, sorrisos, gracejos e brincadeiras. A criança tenta aprender o novo mundo, familiarizar-se com ele, fazer parte deste contexto. Brincar torna-se o meio mais prático para adquirir e compreender esta fase de sua existência. Os pais por consequência iniciam a preparação do novo integrante da família antes mesmo dele nascer. Preparamos o quarto do bebê, com muito conforto, alegria e diversão. Bonecos, carrinhos, móbiles, enfeites, tudo remonta a brincadeira, os pais desejam que seu filho seja feliz, completo, sinta-se acolhido, bem recebido e demonstrar que se importam e desejam muito a sua chegada. A criança percebe todo este preparo e devolve este afeto através de uma forma única de expressar seus sentimentos, a brincadeira. Existem diferentes meios de comunicação, podendo ser gestual/corporal (olhares, movimentos de mãos, representações com o corpo); visual (cores, aparência); gráfica (escrita e desenhos) ou verbal, a criança reconhece todas essas modalidades, mas a expressão através da brincadeira é para ela uma necessidade.

Com o passar do tempo desenvolve e adquire uma autonomia na arte de brincar, surge o momento em que ela inicia o processo de transferência daquilo que vive e observa para as brincadeiras, elas não são somente um passatempo, mas a expressão dos seus sentimentos diante das situações que vive. Se elas forem situações tranquilas, equilibradas, pacíficas suas brincadeiras irão refletir essa realidade, mas também a visão oposta será igualmente transferida para as brincadeiras.

Já em idade escolar, as crianças deveriam ser estimuladas a brincar para que ocorra uma melhor aprendizagem, as escolas esquecem por vezes a importância desse ato para a socialização e firmeza de seu desenvolvimento intelectual. “Quando a criança constrói seu conhecimento a partir de suas brincadeiras e leva a realidade para o seu mundo da fantasia, ela transforma suas incertezas em algo que proporciona segurança e prazer, pois vai construindo seu conhecimento sem limitações.” (Sanny S. da Rosa). Dar sentido a brincadeira, um novo conceito, aprender através de jogos, músicas, atividades em grupo que possam colocar a criança frente a frente com o conhecimento de um modo mais lúdico, auxilia muito a compreensão de mundo do novo ser.

Nas brincadeiras, as crianças desenvolvem capacidades importantes, tais como, atenção, imitação, memória, imaginação. Amadurecem também algumas capacidades de socialização, por meio da interação e da utilização e experimentação de regras.

A brincadeira bem conduzida estimula a memória, exalta sensações emocionais, desenvolve a linguagem interior e exterior, exercitando a atenção e explorando diferentes estados de motivação.

Brincar favorece a interação com os colegas, propiciando situações de aprendizagens em grupo, valorizando a comunicação, o companheirismo, a vida em sociedade, evitando o egoísmo e o isolamento.

Como diria BROUGERE, apud WAJSKOP, 1995, p. 31. “A brincadeira é o lugar da socialização, da administração da relação com o outro, da apropriação da cultura, do exercício da decisão e da invenção.”

Os jogos desenvolvem na criança determinadas potencialidades como: a cabra-cega (lateralidade – noções de direção); tangran (imaginação, conhecimento de formas geométricas); pintura (noções de espaço, cores primárias e secundárias); dança em frente a espelhos (trabalha a percepção, corpo humano); xadrez (regras, lógica, concentração); construção de cidades com blocos (socialização, imaginação, colaboração) estes são apenas alguns exemplos de tantos outros jogos que podem ser utilizados para o desenvolvimento psicomotor da criança como também para uma melhor integração à sociedade.
Os jogos divertidos agilizam o raciocínio verbal, numérico, visual e abstrato, incentivam o respeito às demais pessoas e culturas, estimulam a melhor aceitação as regras e resolução de problemas ou dificuldades procurando alternativas. É pela brincadeira que a criança expressa o que teria dificuldades de colocar em palavras.

Essas brincadeiras estimulam a: imaginação, a socialização, a tolerância, a amizade e a alegria e estão sendo substituídos por jogos eletrônicos. Hoje vivemos em uma época em que as tecnologias tomaram conta das crianças, os computadores, os videogames, a internet, os brinquedos eletrônicos, tomaram o lugar de brincadeiras como o pular corda, o jogo de amarelinha, o cabo de guerra, a batalha naval, soltar pipa, brincar de casinha, com os carrinhos, etc.

A criança do presente não pede mais uma boneca ou um carrinho, mas sim um celular de última geração. A falha não está nas crianças, mas sim dos adultos que motivam, incentivam esta situação, iniciando-se em casa, continuando na escola e retornando para a casa. Devemos alterar a nossa postura e perceber que nossos filhos, alunos e crianças em geral necessitam de estimulo, vivência, carinho, aceitação, inclusão na vida dos adultos e isso tem inicio nas brincadeiras. Portanto convido vocês pais e professores: VAMOS BRINCAR?

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