Há
cem anos atrás, a construção de uma estrada de ferro, que ligaria os estados de
São Paulo e Rio Grande do Sul, seria responsável por um dos maiores conflitos
armados no Brasil: a Guerra do
Contestado (1912-1916). A região, rica em erva-mate e madeira, era alvo
de disputa entre os estados de Paraná e Santa Catarina. O Brasil encontrava-se
neste momento em um período de consolidação da Republica, que fora proclamada a
pouco mais de duas décadas, o presidente então era o Marechal Hermes da
Fonseca, sobrinho do primeiro presidente da republica, Marechal Deodoro da
Fonseca, e primeiro militar eleito. Neste período eclodiam em várias regiões do
pais revoltas e movimentos que contestavam a instalação do regime republicano,
e defendiam o retorno da monarquia, e é neste cenário que o movimento que ficou
conhecido como Guerra do Contestado surge.
No
contexto do conflito podemos, também, perceber a figura messiânica do monge
José Maria, considerado por muitos como um homem santo. José Maria conseguiu
reunir milhares seguidores, dentre a sua maioria, camponeses que, após ficarem
desempregados com o fim da construção da estrada de ferro. O monge pregava
idéias de mundo novo, regido pelas leis de Deus. “Para ele a República era a
'lei do diabo'. Por isso, nomeou como 'Imperador do Brasil' um fazendeiro que
não sabia ler nem escrever, criou a comunidade de 'Quadro Santo' e montou uma
guarda de honra de 24 cavaleiros que ele intitulou de 'Doze Pares de França',
fazendo uma alusão à cavalaria de Carlos Magno na Idade Média.”¹
Além
da questão religiosa, outro aspecto determinante para o início do conflito foi
a instalação da empresa estadunidense que construiria a estrada de ferro na
região. A Brasil Railway Company, comprou uma extensa área de terras entre os
estados de São Paulo e Rio Grande do Sul podendo, assim, aproveitar-se dos usos
da terra na região. Foi concedida a empresa, uma faixa de terra de 15
quilômetros de cada lado da ferrovia para exploração de erva-mate e madeira.
Assim, progressivamente, ao longo dos anos, os moradores acabaram sendo
desalojados, dando inicio a uma série de conflitos entre a população e o
governo federal.
Hoje,
uma série de reportagens e encontros debatendo o assunto podem ser vistos pelo
país inteiro. Podemos perceber que a importância deste acontecimento não está
restrita ao sul do país. Um exemplo disso é a série publicada pelo portal
Estadão.com.br. Na série de reportagens podemos acompanhar a trajetória de vida
de três “crianças” que sobreviveram a rebelião. Para conhecer um pouco mais
sobre o conflito e sobre a história do Brasil durante a Republica Velha confira
a reportagem no site http://topicos.estadao.com.br/contestado.
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