A Música para os Pensadores e a História da Música - Parte I

Por Elaine Barbosa

Falar de música é falar de sentimento, é libertar o nosso íntimo e colocar na partitura todo o ser de uma pessoa. Ali iremos encontrar o romantismo, o amor, a solidão, a desilusão, os encontros e desencontros, a revolta sobre aquilo que não pode ser mudado ou apenas a manifestação de um pensamento ilusório diante de uma realidade muitas vezes não tão promissora como deveria ser. Música é a arte de mostrar, exprimir os diversos sentimentos através do som. Vejamos o que alguns estudiosos declararam sobre esta arte.

Para Platão (Atenas 427-347 a.C) “a música é um meio mais poderoso do que qualquer outro porque o ritmo e a harmonia têm a sua sede na alma (razão). Ela enriquece, confere-lhe a graça e ilumina aquele que recebe uma verdadeira educação”.

Para Aristóteles (Estagira 384-322 a.C) – “A música tem o poder de formar a personalidade e podem-se distinguir os diferentes gêneros de música fundados em diferentes modos pelos seus efeitos sobre o caráter. Tal gênero determina a melancolia, a moleza, encoraja o abandono; o outro, o autodomínio e o entusiasmo”.

Santo Agostinho de Hipona (Tagaste 354-430) – “Confesso que ainda agora encontro algum descanso nos cânticos que as vossas palavras vivificam, quando são entoados com suavidade e arte. Quando ouço cantar essas vossas palavras com mais piedade e ardor, sinto que o meu espírito também vibra com devoção mais religiosa e ardente”.

Jean Jacques Rousseau (Genève 1712-1778) – “Mesmo que toda a natureza esteja adormecida, o que a contempla não dorme, e a arte do músico consiste em substituir a imagem imensurável do objeto pela dos movimentos que a sua presença excita no coração do contemplador”.

Georg Freidrich Wilhelm Hegel (Estugarda 1788-1860) – “O que principalmente caracteriza a música é o vai e vem, a subida e a descida, movimentos harmônicos e melódicos, a progressão mais ou menos retardada, mais ou menos acelerada”.

A música eleva a alma. Conhecida por Platão como razão, faz com que o ser que a ouve seja inebriado pela sua poesia e sua magia. A música acompanhou o desenrolar e o desenvolvimento humano, tanto intelectual como social, onde o homem expressou - e ainda expressa - sua criatividade, dando enfoque à época e aos fatos que estão ocorrendo no momento. A prosperidade de uma sociedade é colocada em letras musicais, o abandono do povo também é descrito nas partituras e lidas como poemas ou mesmo como desabafo pelo descaso com a população. É a voz dos rejeitados pela sociedade, ou,, simplesmente, uma expressão da realidade vivida e que muito pouco pode ser alterada.

Como os povos viam e vivenciavam a música durante a história?

Na Idade Antiga, os povos contemplavam a música de formas diversas. Em Roma importavam canções e instrumentos musicais e os discursos no Senado tinham acompanhamento musical. O 1º teatro com acústica foi construído em Pompéia em 55 a.C. e comportava 40 mil pessoas, além do favorecimento às Artes por Nero.

Para os Sumérios, a música exercia papel importante para os ritos solenes. Nos Assírios, a música é associada ao poder e os músicos dos povos conquistados sempre eram poupados. Na comunidade Hebraica, era utilizada na religião ou festas e, após Davi, ocorre um pleno desenvolvimento da música. Os Chineses respeitavam os músicos que pertenciam a uma classe social privilegiada. Os Gregos atribuíam aos deuses a sua música, um meio de alcançar a perfeição. Mas para os Egípcios a música era pouco valorizada e tocada por classes inferiores (escravos).

Na Idade Média existiam os Cantos litúrgicos vocais. Gregório Papa em 590 compilou e selecionou vários cânticos dignos de culto (cantos gregorianos), onde a língua usada era o latim. A partir do século XI, o uso da pauta tornou-se habitual.

Na Idade Moderna ocorrem três fases na criação de músicas:

Renascentista: 1400 a 1600 d.C. músicos: Claúdio Monteverdi, William Byrd, Josquin des Préz, Henrique VIII – influencia apenas sugestiva ainda mantinha a música da Idade Média.

Barroca: Vai do surgimento da ópera por Monteverdi até a morte de Bach em 1750. Música fecunda e revolucionária, é a época mais importante da música ocidental, se opõe ao modo gregoriano – Vivaldi, Boccherini.

Romântica: 1815 a início séc. XX. Músicas emocionam tem sentimento, intuição. Sinfonias e concertos são escritos. Chopin, Verdi, Wagner, Mendelssohn, Schumann, Tchaykovsky, Rachmaninov, Strauss.

No século XX a música sofre influência do jazz, música eletrônica e aleatória em uma reação contra o estilo romântico, tendo como características: melodias curtas e fragmentadas, ritmos vigorosos e dinâmicos, uso de vários ritmos ao mesmo tempo, timbres e sons novos retirados de aparelhagem eletrônica. Músicos como: Stravinsky, Francisco Mignone, M. Ravel, Villa Lobos, fazem parte desta fase.

A Música contemporânea destaca-se pela imensa habilidade musical, imaginação e criatividade, com usos de equipamentos eletrônicos como sintetizadores, computadores e softwares de composição.

Mas de onde vem toda esta criatividade? Qual é a métrica de toda esta criação sonora?  D’onde partiu a pauta ou pentagrama onde se escreve as notas musicais? Quais as notas musicais? O que é melodia, timbre, harmonia, ritmo? Quais são os tipos de instrumento que escutamos? Onde a música é utilizada? Iremos responder estas questões, mas lembremos que, talvez, nosso padrão melódico se desenvolva a partir daquilo que nos habituamos a ouvir desde criança.

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